Na ótica de Deus, o valor da vida e dos bens da criação parte simplesmente da consciência que o fim da vida humana é na verdade o início da eternidade.
Perante a vida podemos optar pela ótica dos valores do tempo ou pela ótica dos valores da eternidade. Na ótica dos homens, a vida tem sua validade quando se funda nos critérios do ter, do usufruir, do competir, priorizando o cultivo de critérios apenas temporais: como a competência, vigor físico, aparência, poder social, político, econômico, posse de bens materiais, status ou mesmo uma religião que priorize o bem estar ao invés de se pôr a serviço da vontade de Deus e do bem comum de todos.
Na ótica de Deus, o valor da vida e dos bens da criação parte simplesmente da consciência que o fim da vida humana é na verdade o início da eternidade.
Todo cristão deve pautar sua vida, suas escolhas, suas opções e valores, tendo por critério de vida os valores da eternidade. Os valores humanos não são negados, mas se tornam relativos diante do valor absoluto que é Deus, a eternidade.
O apóstolo Paulo nos ensina que, diante dos valores da eternidade, os valores do tempo, embora necessários, se tornam provisórios. Faz bem recordar que nada levamos desta vida a não ser a vida que levamos. Embora necessários, os valores do tempo são apenas meios e não o fim. Neste sentido, tudo o que o ser humano conquistou e conquista, só tem sentido quando for posto a serviço do bem familiar e do bem comum (Mt 25,40).
A família cristã nasce, vive e convive sob a ótica da fé e da Boa Nova de Cristo. Sua origem primeira e última se encontra em Deus e seu fim maior é a vida com Deus. Essa compreensão dos valores da vida e do amor muda essencialmente a relação com os valores do tempo, transformando-os em meios e nunca como um fim em si.
O casamento e a vida em família fazem parte do projeto do amor de Deus. No casamento e na vida em família ninguém é dono de ninguém, todos são chamados a servir o outro na dimensão humana, afetiva, psíquica e espiritual. Casar-se não é viver num regime de posses ou de independência total, mas de serviços mútuos na relação, homem e mulher, pais e filhos, a caminho da vida eterna. É assumir o compromisso de cultivar e de salvar o outro, na forma humana e espiritual, sabendo que o esposo, a esposa, o filho, tem também por vocação maior a eternidade.
As opções do tempo para um cristão têm um critério de escolha, Deus, sua vontade e a Boa Nova de Cristo. Amar o outro, casar-se e viver a relação pais e filhos, filhos e pais, mais do que buscar viver apenas numa simples e sadia convivência humana-afetiva, torna a vida em família um lugar de partilha, de ajuda mútua a caminho do definitivo que é Deus. O apóstolo Paulo nos fala que, no tempo, somos peregrinos a caminho da pátria definitiva, a eternidade.
Sob o olhar de Deus o amor cristão transforma as relações afetivas e sociais, valoriza o presente em todas as dimensões sem transformar nenhum valor temporal em infinito. Não somos donos de nada, de ninguém, nem dos que mais amamos. Eles não são nossos, são de Deus. Hoje ou amanhã nossos familiares partem. A eternidade é a nossa morada definitiva. Somente na eternidade terminará a dor da separação e das perdas.
Na esperança cristã, vivemos o presente de nossa vida tendo por horizonte as promessas de Cristo que nos garante que a morte não é fim, mas passagem-encontro com a vida em plenitude na casa do Pai. Todo cristão deve ser comprometido com sua vida e a vida de todos. É nosso dever defender a vida digna e justa para todos, desde à concepção à hora da morte. Entender que os bens da criação e das conquistas humanas pertencem a todos, particularmente aos mais pequeninos e excluídos do tempo.
Cristo com sua encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição é a nossa única esperança. Como cristãos amamos o presente de nossa vida, de nossas famílias e da vida de todos, mas o nosso horizonte e futuro definitivo é a esperança na vida eterna com Deus.
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